Como tudo na vida, internet também exige cuidados. Diariamente, adolescentes de todo o país se arriscam ao publicar fotos em blogs e redes de relacionamento, bater papo com estranhos e extrapolar as relações virtuais para o mundo real. Pesquisa com mais de 2 mil adolescentes realizada por uma associação que zela pela preservação dos direitos humanos na internet, a Safernet Brasil, revela que mais de 30% dos jovens possuem pelo menos 30 amigos virtuais.
As conversas pelos chats e comunicadores instantâneos deixaram os computadores e se tornaram encontros reais em muitos casos: 24% dos adolescentes admitiram que têm amigos ou que já encontraram pessoas que conheceram pela internet sem o conhecimento dos pais.
Os dados completos da pesquisa serão divulgados nesta terça-feira, dia em que se comemora o Dia da Internet Segura.
A campanha é realizada simultaneamente em diferentes países desde 2003 com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU). No ano passado, o Brasil recebeu um convite para fazer parte do grupo, que já reúne 60 países. A Safernet Brasil, o Ministério Público Federal e o Comitê Gestor da Internet são os responsáveis pela programação brasileira para o evento.
A cada ano, um tema é escolhido para servir de referência às atividades de mobilização e conscientização entre jovens, educadores e pais em prol do uso seguro e responsável da internet. "Muito mais do que falar de crimes, queremos mostrar quantas coisas boas há para serem desfrutadas na rede. O importante é tomarmos certos cuidados", comenta Rodrigo Nejm, diretor de Prevenção da Safernet Brasil.
Em 2010, o tema é "Pense antes de postar". A mensagem pretende atingir diretamente os jovens que não se previnem contra os eventuais riscos do mundo virtual. "Ainda há muitos adolescentes que saem de casa para encontrar amigos virtuais, que recebem muito conteúdo de pornografia sem querer, e, algo que nos impressionou: 15% dizem que já publicaram fotos sensuais íntimas na internet", conta Rodrigo.
O número, para ele, é assustador. Os jovens se esquecem que a internet não é um espaço privado e sim um espaço público de convivência. O psicólogo Áderson Costa, da Universidade de Brasília, reconhece que a necessidade de contato com outros jovens e a exposição pessoal fazem parte da fase vivida pelos adolescentes. Mas defende que os pais e a escola precisam orientar o jovem. “Eles acabam dando mais informações do que deveriam e ficando vulneráveis”, pondera.
Seis dicas para uma navegação segura
Há vários cuidados que os jovens podem tomar para não serem vítimas de crimes ou bullying pela rede. Os pais e os professores também podem e devem ajudá-los e orientá-los sobre eles. Confira:
- Evite publicar dados pessoais como nome completo, endereço, telefone, nome de escola em sites de relacionamento, salas de bate-papo ou sistemas de comunicação instantânea. Não divulgue na internet suas rotinas, hábitos, detalhes de horários. Todas essas informações podem torná-lo mais vulnerável a ações de pessoas mal-intencionadas ou criminosas.
- Cuidado com as fotos que posta na rede. Elas podem ser modificadas de forma a ofendê-lo ou serem usadas contra você. Preocupe-se também com as imagens que você divulga ou troca pela internet. Elas também podem trazer problemas a quem as encaminha, dependendo do conteúdo que manifestem.
- Seja educado e cordial também na hora de publicar ou comentar as fotos de outras pessoas. Muitos jovens já foram obrigados a pagar multas por terem ofendido colegas ou professores na internet. Agora, os pais também estão começando a ser responsabilizados pelos atos dos filhos, por negligência em relação ao comportamento deles.
- Tome muito cuidado com estranhos. Jamais aceite convites para se encontrar pessoalmente com quem não conhece.
- Caso seja agredido por quem desconhece, configure sua conta para bloquear os contatos indesejados e, se algum amigo estiver sendo vítima, encoraje-o a denunciar o agressor. E conte tudo o que estiver acontecendo a um adulto de confiança.
- Quem se deparar com conteúdos suspeitos racistas, pornográficos ou com cenas de violência contra crianças deve denunciar. O endereço é www.denuncie.org.br.