6. Educação Midiática
Resumo:
- 5 horas
- 4 vídeos
- 5 sugestões de atividade
6.1. BNCC na prática
O trabalho com o campo jornalístico-midiático, que contextualiza a produção, curadoria e checagem de informação, é previsto pela BNCC no componente de Língua Portuguesa nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, com diferentes gradações de complexidade, mas sempre envolvendo a reflexão crítica sobre conteúdos e a produção ética de informações. Os campos de atuação na vida pública, artístico-literário e de estudo e pesquisa são igualmente mobilizados pela temática da news literacy, assim como competências e habilidades de outros componentes curriculares, solidárias à apropriação fundamentada de conhecimentos.
6.2. Para começar
Você já deve estar cansada/o de saber que a internet revolucionou o universo da informação, colocando um volume antes inimaginável de conteúdos ao alcance de um clique. Sem dúvida, viver em um mundo repleto de informações é muito melhor do que não ter acesso a elas. Mas isso não quer dizer que tudo esteja bem: não há qualquer garantia de que as mensagens que chegam até nós são confiáveis ou de qualidade. Neste módulo, vamos discutir mais sobre o fenômeno da desinformação e entender por que prestar atenção antes de postar ou compartilhar algo, e mesmo dominar caminhos básicos para checagem de informações, tornaram-se habilidades básicas para qualquer pessoa que usa a Internet hoje.
No webinar, conversamos com Nina Weingrill (ÉNois) e Mônica Rosina (Facebook) sobre educação midiática e estratégias que grandes plataformas têm empregado para minimizar o problema da desinformação. A mediação é de Thiago Tavares (SaferNet).
6.3. Contexto
A Pesquisa TIC Kids 2019 (indicador B1A) aponta que, em média, mais de 68% de adolescentes online entre 13 e 17 anos leem ou assistem notícias na Internet. E a busca por informações faz parte da experiência com a rede da maioria dos usuários dessa faixa etária, seja para trabalhos escolares (82%), saúde (39%) ou mesmo saber o que acontece em sua rua ou bairro (27,5%). Entretanto, 42% (indicador D2) admitem que não sabem verificar se uma informação encontrada na Internet está correta.
No mar de conteúdos que é a Internet, conhecer critérios que podem ajudar a diferenciar a qualidade dos conteúdos é essencial. News literacy, ou “educação midiática” (uma das muitas traduções possíveis) é justamente isso, e vamos ver que práticas simples podem fazer com que cada usuário e cada usuária de Internet possa agir de forma mais crítica e consciente.
O termo fake news (notícia falsa) ganhou força a partir de 2016, quando das acusações de espionagem e manipulação durante as eleições presidenciais nos EUA. Mas, como vimos no webinar, não se trata de um debate novo — neste vídeo você pode entender como as notícias falsas fazem parte do debate público há muitos séculos. Entretanto, é fato que temos cada vez mais discutido como o fluxo de informações falsas ou enganosas na Internet têm impactos reais na vida das pessoas e mesmo nos regimes políticos. Boatos, conteúdos enganosos e mentiras podem impactar negativamente a saúde mental e mesmo a convivência harmoniosa das pessoas nas redes, facilitando, inclusive, a propagação de discursos de ódio.
“Notícias falsas”, porém, é um termo que reduz o debate. Isso porque nem sempre estamos falando de notícias — pensando em termos jornalísticos — e nem sempre elas são falsas — já que podem ser, por exemplo, descontextualizadas. Como se trata do termo que se popularizou, faz sentido empregá-lo para que as pessoas entendam do que estamos falando, principalmente se nossa audiência tem pouca familiaridade com a discussão. Mas, sempre que possível, precisamos explicar que o problema é mais complexo e não afeta só o jornalismo.
É bastante comum utilizarmos, como substituto de “notícias falsas”, o termo “desinformação”, que tira um pouco do peso da notícia jornalística e também da relação falso/verdadeiro, mas mesmo este termo pode ser ampliado. E é assim que chegamos ao conceito de “desordem informacional”, que procura explicar a dificuldade que existe, hoje, para que nós possamos selecionar, compreender e avaliar informações. Vamos entender.
Durante muito tempo, principalmente no início da Internet (ou seja, há cerca de 30 anos apenas), predominou no debate público a visão determinista de que um mundo hiperconectado por meio de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) traria apenas mudanças positivas para a sociedade no que diz respeito ao acesso à informação. Afinal de contas, qualquer pessoa poderia falar e ser ouvida, diferentemente de quando a circulação era mais restrita à mídia tradicional (TV, rádio, jornais, revistas). No entanto, principalmente desde o início das redes sociais e do crescimento acelerado da circulação de informações, nós assistimos ao surgimento de um ambiente online poluído e ruidoso, no qual conteúdos enganosos, inverídicos, enviesados ou descontextualizados circulam com tanta rapidez quanto aqueles que são verídicos.
Essa poluição dificulta o processo de criar, distribuir, interagir e compartilhar conteúdos de qualidade, baseados em fatos ou evidências, e, por vezes, enfraquece vozes importantes em uma democracia, como os governos legitimamente eleitos, cientistas e pesquisadores, jornalistas e movimentos sociais que pautam a busca por igualdade e inclusão. É claro que a solução não é restringir quem pode ou não se expressar — o direito à comunicação e à informação faz parte da Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu artigo 19, por exemplo —, mas sim buscar formas de trazer mais transparência e senso crítico para que as pessoas possam identificar e compreender diferentes tipos de conteúdos com os quais elas irão interagir na Internet.
6.4. Desordem informacional
No contexto da desordem informacional, podemos pensar em três grandes fenômenos. O esquema abaixo foi proposto pelo First Draft (em inglês). Não há uma tradução direta para os termos em inglês, mas podemos seguir o proposto pela pesquisadora Tatiana Dourado: informação errada (misinformation), desinformação (disinformation) e desinformação maliciosa (mal-information). Perceba que os três fenômenos estão inseridos em um espectro que contempla a ideia de informações falsas e/ou com intenção de prejudicar.
Informação errada (misinformation)
São informações falsas, mas que não foram criadas ou compartilhadas deliberadamente com objetivo de prejudicar algo ou alguém. É comum que sejam compartilhadas, por exemplo, com a intenção de ajudar uma pessoa ou causa, como quando pessoas compartilham receitas de remédios caseiros ineficazes ou arrecadações falsas de dinheiro acreditando que irão ajudar amigos ou parentes.
Desinformação (disinformation)
A desinformação se refere a informações falsas, criadas ou compartilhadas com intenção deliberada de causar dano direcionado ou enganar. São motivadas principalmente por lucro, influência política, emoção ou desejo de causar distúrbios sociais. Aqui entram desde conteúdos criados para afetar a reputação de alguém até mesmo propagandas disfarçadas de notícias que procuram induzir pessoas a comprar um produto ou serviço “milagroso”.
Desinformação maliciosa (mal-information)
São informações verdadeiras usadas para causar dano direcionado. Por exemplo, informações vazadas de governos, empresas, organizações ou pessoas (incluindo doxing, o compartilhamento de dados pessoais).
Para facilitar a compreensão do tema, vamos utilizar neste módulo o termo “desinformação” como um guarda-chuva que compreende diferentes tipos de conteúdos inverídicos, enviesados, descontextualizados e manipulados. Sugerimos que você faça o mesmo ao realizar atividades educativas sobre o tema, mas sempre que possível explique as características enganosas ou prejudiciais do conteúdo sobre o qual você está falando.
Tipos de desinformação
Deu pra perceber que existem muitas nuances, certo? O First Draft (em inglês) também propõe que, dentro da desordem informacional, existem pelo menos 7 tipos diferentes de conteúdos desinformativos, que podem ser entendidos de um espectro que vai de conteúdos com menor potencial de dano (as sátiras ou paródias) até aqueles com maior potencial (os conteúdos fabricados).
Importante: nem sempre é possível determinar exatamente um único tipo de desinformação em dado conteúdo. Essa divisão em tipos tem como objetivo apenas nos ajudar nesse processo.
Sátira ou paródia: conteúdo geralmente humorístico, de caráter crítico ou opinativo, que cria, exagera ou satiriza fatos, pessoas ou instituições reais. Pode causar dano quando tomado como literal ou verdadeiro por quem interage com ele. Nem sempre a sátira ou a paródia é evidente, e quando compartilhada de forma descontextualizada (por exemplo, através de um print ou cópia do arquivo, e não da URL original), seu potencial enganoso aumenta.
Falsa conexão: conteúdos em que títulos, legendas ou ilustrações, verdadeiros em si, são erroneamente conectados para justificar um determinado viés. O uso de imagens e fotos de bancos de arquivos sem a devida explicação de que se trata de conteúdo apenas ilustrativo e não factual é uma das estratégias da falsa conexão. O mesmo vale para títulos sensacionalistas que se valem da estratégia do clickbait (isca de cliques), comum em diferentes conteúdos desinformativos.
Conteúdo enviesado: trata-se do uso enganoso de informações para enquadrar de forma negativa uma pessoa ou assunto específicos. A informação pode ter um fundo verdadeiro, mas é usada de forma propositalmente enviesada, podendo-se, por exemplo, omitir partes que levariam a uma interpretação correta do conteúdo ou fato
Falso contexto: conteúdo verdadeiro, mas compartilhado de forma descontextualizada. São os casos, por exemplo, em que uma notícia ou conteúdo é compartilhado como sendo atual, quando na verdade é antigo, ou quando é compartilhado como tendo acontecido em determinado lugar, quando aconteceu em outro.
Conteúdo impostor: uso de fontes genuínas (como o nome, a logo ou mesmo uma URL similar a de uma instituição ou pessoa) para enganar. Em aspecto amplo, pode se referir também a conteúdos publicitários inseridos em sites e perfis de forma disfarçada, levando o usuário a acreditar que se trata de um conteúdo criado pelo titular do site ou perfil.
Conteúdo manipulado: quando informações verdadeiras (texto, fotos, vídeos, áudios) são alteradas para enganar. Recentemente, os deep fakes têm ganhado destaque. Tratam-se de manipulações hiper-realistas de vídeos ou áudios, criados usando ferramentas de aprendizagem de máquina, e que geralmente simulam o rosto de uma pessoa no corpo de outra ou simulam uma fala que nunca existiu de verdade.
Conteúdo fabricado: informações completamente falsas, criadas geralmente com aspecto sensacionalista (clickbait, ou seja, buscam atrair cliques), e sempre com algum tipo de interesse implícito. Em aspecto amplo, pode se referir também a práticas de content farming (“fazenda de conteúdo”), em que um mesmo conteúdo é compartilhado como sendo original por um número expressivo de páginas, canais ou perfis controlados por uma mesma pessoa ou instituição, geralmente com propósito de ganhar dinheiro com publicidade gerada a partir do tráfego de visitantes.
Fonte: Canal “How to cook that”, no Youtube (2020)
Acesso à Internet e desinformação
Além das questões de ordem social, política e econômica que podem favorecer ou retroalimentar a proliferação de conteúdos desinformativos (como polarizações, discurso de ódio, disputas eleitorais e algoritmos de seleção de conteúdos em redes sociais), é preciso entender que algumas particularidades no acesso à Internet também podem dificultar o acesso à informação de qualidade.
No webinar, a Nina Weingrill, da ÉNois, falou sobre o zero-rating (“tarifa zero”), comum nas operadoras de telefonia móvel. Esse tipo de pacote de serviços libera o acesso sem descontar da franquia de dados móveis a um conjunto específico de aplicativos (geralmente redes sociais). O zero-rating pode, na prática, dificultar que as pessoas leiam notícias completas, já que ao clicar em um link compartilhado para abrir uma notícia essa pessoa sabe que seu pacote de dados será consumido. Existem alguns questionamentos, inclusive, sobre a legalidade dessa prática (veja, por exemplo, este estudo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, o IDEC).
Também há o paywall (“muro de pagamento”): trata-se do bloqueio, para não-assinantes, de determinados conteúdos — principalmente notícias em sites de veículos jornalísticos. A maioria das pessoas não-assinantes acaba limitada a ler apenas o título e, às vezes, o início das notícias. Um levantamento realizado em setembro de 2020 pelo site Manual do Usuário apurou que quem quisesse assinar 20 dos principais portais de notícias do país teria de desembolsar cerca de R$270 por mês, o que está fora da realidade da maioria dos brasileiros.
Tanto o zero-rating quanto o paywall são apenas dois dos fatores que devem ser considerados ao tratarmos do tema desinformação. É importante tê-los em mente para entender que o problema nem sempre é de falta de vontade em buscar conteúdos de qualidade, mas de dificuldades contextuais. Podemos ressaltar, ainda, questões como dificuldades para interpretação de texto, o apelo emocional usado na elaboração de conteúdos desinformativos, o maior potencial de atração da “mentira” e, mesmo, a falta de habilidades técnicas que permitam identificar um conteúdo (imagens e vídeos, por exemplo) que possa ter sido adulterado. Sem falar, é claro, no viés de confirmação, aquela propensão que temos em acreditar em um conteúdo justamente por gostar ou já concordar previamente com aquilo que estamos lendo.
6.5. Análise crítica de mídias
Após entender melhor sobre o contexto da desinformação, precisamos avançar em aprender formas de driblar esse problema. A educação midiática passa, necessariamente, por uma análise crítica de mídias e por tomarmos consciência de que todo mundo tem responsabilidade sobre o que posta e o que compartilha. Vamos então explorar o material feito com todo carinho pela equipe do Palavra Aberta para o Cidadão Digital.
A pandemia de Covid-19 trouxe urgência para esse tipo de educação. Afinal de contas, desinformação na saúde pode até matar. Foi o que aconteceu, por exemplo, no Irã, quando centenas de pessoas acreditaram em uma informação falsa e beberam álcool na esperança de combater a Covid-19, ainda no início da pandemia:
Ingestão de álcool para falsa cura contra coronavírus já matou 300 no Irã
Mensagens enganosas que contestam a importância da vacinação também são muito preocupantes. A gente já viu esse filme com o sarampo e sabe que as consequências não foram nada boas: a desinformação fez com que muitas famílias desistissem de vacinar as crianças e, consequentemente, os casos da doença dispararam.
No caso do coronavírus, boa parte das notícias falsas sobre vacinas têm um alvo bem específico: os idosos. Você pode estar se perguntando: mas o que eu tenho a ver com isso se nem estou no grupo prioritário da vacinação? Tudo! É responsabilidade de todos nós ajudarmos familiares, vizinhos e amigos a ler criticamente as informações sobre o tema.
O papo é tão sério que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) criou uma palavra para nos alertar de um outro perigo além da pandemia em si: infodemia.
Infodemia
Ambiente de excesso de informações, nem todas confiáveis, que mais confunde do que ajuda no momento em que precisamos encontrar dados para cuidar de nossa saúde.
Aqui no Brasil, a Fiocruz pegou carona no aviso da OMS e também chamou a atenção da população para o perigo das informações falsas, principalmente sobre as vacinas: A pandemia da desinformação.
Um levantamento da Unesco identificou quatro formatos principais de desinformação sobre a Covid-19:
Narrativas e memes emotivos |
Sites e perfis fabricados |
Imagens e vídeos alterados ou fora de contexto |
Campanhas orquestradas |
Informações falsas com um tom para despertar nossas emoções; podem se misturar com informações incompletas, opiniões e mesmo dados que são verdadeiros mas fora de contexto. |
Páginas da internet que têm um visual parecido com o de sites sérios ou oficiais. Publicam informações falsas mas com aspecto de verdadeiras, muitas fingindo ser reportagem. |
Histórias falsas contadas em imagens ou vídeos que viralizam. Criam confusão e desconfiança generalizada da população. |
Conteúdo que procura semear desconfiança e discussões em comunidades online, promover o nacionalismo ou coletar dados. Pode envolver o uso de robôs (bots) para impulsionar as mensagens. |
Fonte: Desinfodemia - Decifrar a informação sobre a Covid-19.
Como, então, encontrar as melhores informações e conseguir avaliar sua confiabilidade? Precisamos, o quanto antes, desenvolver habilidades básicas de curadoria e análise crítica de informações.
Não é que você tenha que desconfiar de tudo. Mas uma dose saudável de dúvida ajuda a filtrar e selecionar as informações mais adequadas a cada contexto. Com algumas estratégias você vai desenvolver o hábito de entrevistar a informação, e não simplesmente aceitar tudo o que está circulando por aí:
Essa postura mais reflexiva e questionadora não vale apenas para textos— imagens, vídeos, áudios, videogames e até embalagens de produtos podem (e devem!) passar pela nossa análise crítica. Vamos a algumas dicas práticas.
Pratique o ceticismo saudável
Pra começo de conversa, se você estiver em dúvida sobre a veracidade de alguma informação, pare um pouquinho e respire! Pode parecer bobagem, mas alguns minutinhos de reflexão podem te livrar da cilada de acreditar ou compartilhar algum conteúdo falso.
A frase a seguir, criada pela especialista em comunicação e educação Erin Gibson, funciona como um alerta diante de qualquer informação suspeita:
Quatro passos simples para verificar a informação
Recebeu alguma informação e quer checá-la de forma ágil? O autor Mike Caulfied propõe alguns movimentos em sua metodologia batizada como SIFT, que leva em consideração quem criou a mensagem e em qual contexto.
Importante: quando falamos sobre a fonte da informação, estamos tentando descobrir o autor dela e não quem compartilhou ou nos repassou aquele conteúdo em alguma rede social ou no WhatsApp, por exemplo. Em várias situações é bem complicado rastrear quem originou a mensagem e, na dúvida, o melhor a fazer é não passar adiante.
Passo 1: PAUSE
Você conhece e confia neste site ou na fonte da informação? Se não conhece, não compartilhe ou passe adiante a informação. Vá para os próximos passos para tentar saber mais claramente o que está lendo. Se em algum momento se sentir perdida/o, ou se afastar do seu objetivo inicial, pause e comece de novo.
Passo 2: INVESTIGUE A FONTE
Quem está dizendo isso? Quais as suas qualificações e motivações? É um prêmio Nobel? Um site de teorias da conspiração? É alguém que pode ter uma agenda comercial ou política implícita? É uma propaganda disfarçada? É claro que até um prêmio Nobel pode estar enganado, e que organizações e empresas com interesses políticos ou comerciais publicam muitas informações de qualidade. Ainda assim, antes de ler, procure conhecer melhor quem escreveu/publicou. Vale a pena gastar algum tempinho para estabelecer se a fonte em questão é confiável ou relevante, e até mesmo se o texto merece a sua atenção. Caso a fonte nem possa ser identificada, simplesmente não compartilhe!
Passo 3: BUSQUE MAIS INFORMAÇÕES
O próximo passo é buscar a mesma informação em outras fontes que você conhece e nas quais confia. Qual a melhor fonte de informação que você consegue encontrar sobre isso? Faça uma busca e escaneie os resultados. Tente encontrar uma cobertura mais confiável, mais aprofundada ou mais equilibrada. Melhor ainda, procure descobrir se há consenso sobre essa afirmação. Você não precisa concordar, mas conhecer o histórico e o contexto de determinada afirmação irá lhe ajudar a ter uma melhor avaliação.
Passo 4: ENCONTRE O CONTEXTO ORIGINAL
De forma intencional ou não, a internet pode ser um ‘telefone sem fio’. Afirmações, dados e imagens muitas vezes são retirados de seu contexto original e apresentados de forma isolada, oferecendo um recorte da realidade. Outras vezes, podem ter sido remixados para criar uma nova mensagem. Elementos deixados de fora de uma imagem ou vídeo, legendas que não combinam com o que está na foto ou informações científicas superficiais são exemplos de mensagens descontextualizadas. Procure a informação completa.
Sinais de alerta
Notícias ou posts em texto
- Não tem autoria (ou seja, não dá para saber quem escreveu ou publicou o conteúdo)
- Não traz as fontes de dados (ou elas não existem)
- Linguagem ofensiva, alarmista ou com discurso de ódio
- Não separa o que é opinião, o que é publicidade e o que é fato
- Não existem outras fontes tratando do assunto (principalmente em casos de temas graves ou urgentes)
Imagem
- Fotos borradas, com resolução baixa ou com partes distorcidas
- Não identifica o autor, a data e o contexto
- Repetição de padrões, como em fotos que buscam aumentar multidões
Vídeos
- Traços de rosto pouco nítidos, diferentes do restante do vídeo
- Dentes sem separação e olhos sem foco
- Sombras que não coincidem com a direção da luz
- Vídeos com cortes abruptos ou velocidade alterada
Leitura lateral
Talvez você já saiba que existe um ramo do jornalismo especializado na checagem de informações (fact-checking), que faz um trabalho detalhado de confirmação de dados, afirmações e postagens — veja mais sobre na próxima seção. Jornalistas são treinados para essa atividade, que não tem como ser exercida por todo mundo o tempo todo. Mas podemos nos inspirar em algumas técnicas da área para avaliar informações no nosso dia a dia: uma delas é a leitura lateral.
Leitura lateral
Se você precisa avaliar a confiabilidade de um site ou post, não perca muito tempo nele mesmo, observando de alto a baixo seu conteúdo (leitura vertical). Saia dele e procure na internet outras informações relacionadas.
Um exemplo - Em março de 2020, quando foram anunciadas as primeiras medidas de distanciamento social no Brasil por conta da Covid-19, circulou em grupos de WhatsApp a seguinte informação:
A informação, que é falsa, mas tinha a aparência de um comunicado oficial do governo e, por isso, pouco adiantava procurar na própria mensagem pistas sobre sua veracidade (leitura vertical). Mas, ao usar palavras-chave para uma busca na internet, como o número da medida provisória ou um trecho do post (leitura lateral), rapidamente era possível descobrir que se tratava de um boato. Veja o resultado da busca com as palavras-chave “idoso”, “quarentena” e “INSS”:
Desenvolvendo o hábito da investigação
Todas as mensagens de mídia são construções, ou seja, têm um/a autor/a que fez escolhas, e essas escolhas muitas vezes obedecem um objetivo (que pode ser simplesmente o de relatar um fato, mas também o de enganar, vender algo ou nos influenciar, por exemplo).
O processo de analisar e refletir sobre tais mensagens, questionando e ampliando nosso repertório, é chamado de decodificação. Conheça a estratégia proposta pelo Project Look Sharp (uma organização de educação midiática ligada ao Ithaca College):
Questão de autoridade
Hoje todo mundo pode, além de consumir, produzir informações. Tem até um nome que resume essa junção de papéis: prosumer (produtor + consumidor, em inglês). Mas será que, simplesmente por ter a capacidade técnica de publicar mensagens, todas as pessoas estão aptas a falar sobre tudo?
É preciso lembrar que, na internet, encontramos desde o relato de fatos incontestáveis até opiniões que variam de acordo com os interesses e o ponto de vista de quem está se manifestando. No meio de tudo isso tem ainda propaganda, sátira, informação descontextualizada, dados defasados, títulos que só contam uma parte da história. É a desordem informacional que explicamos no início do módulo.
Além disso, encontramos na internet cientistas reconhecidos mundialmente, mas também palpiteiros de plantão sem qualquer embasamento. Antes de prestar atenção nessa galera, é bom se perguntar: quem é essa pessoa na fila do pão? Quer dizer, com que autoridade e conhecimento ela está se manifestando sobre esse assunto?
Da mesma forma, desconfie quando você receber mensagens com alguma informação bombástica que ninguém mais tem sobre o coronavírus, por exemplo. Afinal, qual é a chance de o irmão do cunhado do vizinho do porteiro saber de algo que nenhum veículo jornalístico do mundo está sabendo? Na dúvida, não compartilhe!
6.6. Checagem de fatos
Como vimos no webinar, a checagem de fatos se tornou essencial atualmente para que conteúdos de desinformação sejam descobertos. E apesar de ser um trabalho realizado principalmente por jornalistas especializados, vimos que a leitura crítica da mídia, que ajuda a balizar a checagem, pode estar ao alcance de praticamente qualquer pessoa.
Precisamos estimular entre adolescentes os princípios da checagem de fatos e de análise crítica de mídia para que elas e eles conheçam formas de identificar conteúdos desinformativos no seu dia a dia. Para entender um pouco mais sobre o histórico da checagem de fatos, leia este post da agência Aos Fatos. Bom também entender um pouco melhor quais são os princípios, criados por uma associação internacional de verificadores de fato (a International Fact Checking Network), que guiam essa atividade: apartidarismo e imparcialidade, transparência de fontes, transparência na organização e financiamento dos profissionais de checagem, transparência na metodologia usada na checagem, política de correções aberta e honesta (ou seja, informar o público caso tenha havido algum erro).
No Brasil, temos diversas agências de checagem especializadas principalmente nas notícias que mais viralizam nas redes. Algumas delas:
Além delas, também vale conhecer sites que atuam desvendando boatos e montagens que circulam pelas redes sociais. Eles não necessariamente seguem os princípios de checagem de notícias, mas ajudam a entender como certas correntes, montagens e boatos se espalham nas redes:
O vídeo da série produzida com os jovens do Cidadão Digital faz um excelente resumo com dicas práticas aplicadas ao contexto da desinformação em saúde. Pode ser um ótimo disparador de debates com os estudantes em atividades remotas ou presenciais.
6.7. Responsabilidade das plataformas e lei sobre “fake news”
As plataformas são responsáveis pelos conteúdos postados?
No webinar, falamos bastante sobre a responsabilidade das plataformas de redes sociais a respeito do problema. No Brasil, é importante lembrar, o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) assegura que são os usuários os responsáveis pelos conteúdos postados na Internet. As plataformas só estão obrigadas a retirar conteúdos do ar após decisão judicial — com exceção de material íntimo, cuja retirada deve ser feita após solicitação direta da pessoa violada.
É essencial ter isso em mente para entender que a “solução” para o problema da desinformação não é colocar nas mãos de empresas privadas o papel de regular o que pode ou não estar na rede — o que não significa que elas não devam tomar ações, como as que vimos no webinar. Entretanto, vale lembrar que as principais plataformas de redes sociais possuem regras de comunidade, ou seja, regras do que pode ou não ser postado naqueles espaços.
Regras de comunidade de redes sociais
- Padrões de Comunidade do Facebook - Notícias Falsas
- Verificação de fatos no Facebook (para empresas)
- Regras do Twitter
- Diretrizes da Comunidade do TikTok
- Diretrizes da Comunidade do Instagram
- Diretrizes de Comunidade do Youtube
- Termos de serviço do Youtube Kids
Relatórios de transparência sobre a aplicação dessas regras:
No âmbito da pandemia de Covid-19, as principais plataformas de redes sociais também passaram a restringir conteúdos que espalhem desinformação sobre a doença ou emitir avisos com informações de segurança a respeito.
- “Facebook anuncia regras mais rígidas contra informações falsas sobre covid-19” (Poder 360, fevereiro de 2021). Veja a lista completa de regras do Facebook aqui, que incluem diminuição da distribuição ou remoção de conteúdo, banimento de usuários e restrição de anúncios.
- Política de informações enganosas sobre a COVID-19 do Twitter, que incluem também exclusão do tweet, exibição de mensagens de aviso, bloqueio da conta e suspensão permanente.
- Medidas de segurança do Tiktok, que incluem remoção de conteúdo e promoção de conteúdo oficial.
Lei sobre “Fake News”
Em 2019, a Safernet esteve em audiência pública no Senado Federal tratando do tema fake news e desinformação (assista aqui). Importante destacar que não apenas a Safernet, mas também outras organizações da sociedade civil afirmaram a necessidade de cautela ao tratar do tema em legislações devido a sua implicação direta com direitos como a liberdade de expressão.
No dia 30 de junho de 2020, o Senado Federal aprovou um dos muitos projetos de lei que tramitavam no Congresso a respeito de “combate às fake news”. Apesar de ser um tema que mereça muita atenção da sociedade, entendemos que o Projeto de Lei 2630, aprovado nesse dia, tem implicações possivelmente negativas para os usuários de Internet no Brasil, principalmente com relação à liberdade de expressão e proteção de dados pessoais. A Safernet e outras entidades da sociedade civil emitiram uma nota a respeito dos problemas do PL com relação aos direitos da infância e juventude (leia aqui), e a Coalizão Direitos na Rede também listou os principais problemas do relatório final aprovado no dia 30 (leia aqui). A lista de notas da sociedade civil, empresas, acadêmicos e comunidade técnica está disponível aqui.
O PL 2630 está em tramitação na Câmara dos Deputados.
6.8. Ferramentas
Não existe um caminho único para a checagem de conteúdos e notícias, e muitas vezes uma simples pesquisa no Google já é suficiente para retornar sites confiáveis de checagem que desmentem ou explicam melhor o contexto de conteúdos que viralizaram. Além das dicas dadas na seção “Análise crítica de mídias”, separamos algumas dicas práticas que podem ajudar você a investigar um conteúdo. Essas ferramentas também são bacanas para compartilhar em suas atividades educativas.
1) Usando o modo anônimo do seu navegador, use o Google, o DuckDuckGo ou outro site de pesquisa para investigar o conteúdo. Jogue palavras-chave que têm a ver com ele e inclua expressões como "é verdade" ou "checagem". Analise os resultados e, se não houver nenhum site confiável (como o de veículos de jornalismo profissional ou de checagem de fatos), tente filtrar os resultados por mais recentes, como no último mês ou último ano. Você também pode usar a pesquisa avançada do Google para obter resultados mais apurados.
2) Utilize as pesquisas avançadas e ferramentas nas redes sociais. Facebook, Twitter e Instagram possuem selos de verificação para contas de marcas e pessoas públicas, diminuindo a chance de que uma conta inautêntica se passe por outra. No Twitter, a pesquisa avançada permite saber se um determinado perfil de fato publicou um tweet (caso ele não tenha sido apagado).
3) Caso você se depare com um link que não está mais no ar, é possível procurá-lo no Internet Archive, que armazena arquivos de milhões de sites na web. Essa ferramenta também é útil para ajudar a descobrir se um mesmo conteúdo foi postado de uma forma e depois alterado.
4) Para checar a autenticidade de imagens, use o TinEye (ajuda a descobrir quando uma imagem foi publicada pela primeira vez na Internet) ou a pesquisa por imagens do Google Imagens — saiba mais aqui. Com essas ferramentas, é possível entender se uma imagem é recente ou não. Caso ela tenha sido usada para reforçar uma notícia que se diz recente, mas está circulando há anos na Internet, provavelmente se trata de desinformação — não confunda com imagens de arquivo que são usadas de forma ilustrativa, inclusive por veículos jornalísticos, como quando a matéria é sobre desemprego e a foto ilustrando é de uma carteira de trabalho; nesses casos, a foto não serve para reforçar um fato em si, e sim para ilustrar um contexto maior. Em alguns casos, essas ferramentas ajudam também a descobrir imagens que foram manipuladas. Veja aqui mais dicas sobre manipulação de fotos.
5) O InVid Project (em inglês) permite a busca por vídeos a partir de frames congelados. Útil para tentar rastrear um vídeo e saber se ele foi postado em algum site anteriormente.
6) Caso você queira confirmar um dado específico, use a máxima do jornalismo de “ir direto na fonte”. Ou seja, procure pelo site da organização dada como fonte daquele dado e tente confirmar se tanto ela quanto o dado realmente existem. Por exemplo: se houver a citação de que “segundo o Instituto de Pesquisa X, mais de Y% dos brasileiros aprova medida Z”, pesquise diretamente pelo nome do instituto e depois pelo dado apresentado. Se o dado for público, ele provavelmente estará disponível no site. Se não houver menção a ele em nenhum outro lugar ou não houver confirmação no site oficial, desconfie. Também desconfie de dados que vêm de organizações com pouca relevância. Existem “institutos de pesquisa” privados que publicam dados com pouca confiabilidade. Você pode usar o Google Acadêmico para pesquisar se determinado instituto de pesquisa figura como referência bibliográfica em um artigo científico. Ou procurar menção a ele em alguns veículos jornalísticos. Esses são possíveis indicativos de que se trata de uma fonte confiável — mas nunca baseie seu julgamento apenas por isso, sempre procure mais indícios de confiabilidade.
7) Atenção a detalhes. Pequenos sinais podem indicar a possibilidade de o conteúdo ter sido manipulado ou estar descontextualizado. Lembre-se que nem sempre o conteúdo é totalmente falso.
8) Caso confirme que se trata de desinformação, divulgue o que você encontrou, mas evite repostar o conteúdo original — já que isso pode levar a mais visualizações e engajamento nas redes. Você pode, inclusive, relatar para as pessoas na sua rede caso você tenha buscado informações e não tenha encontrado; assim, mais pessoas podem procurar sobre e manter-se alertas.
9) Como falamos, nem sempre é possível determinar se o conteúdo é verdadeiro ou falso. Podemos usar, por exemplo, o esquema de checagem da agência Aos Fatos, que classifica os conteúdos em verdadeiro, impreciso, exagerado, distorcido, contraditório, insustentável ou falso.
Lembre-se: na dúvida, não compartilhe!
6.9. Sugestões de atividades com alunos
Atividade 1: Caminhos da Checagem
Objetivo
Imagine que você está fazendo mais uma ação com os adolescentes da comunidade que referimos no tópico "Privacidade e reputação" (que vai receber pela primeira vez a internet). Você será responsável por debater um destes temas: privacidade e reputação, comportamentos positivos, autocuidado ou ações inspiradoras on-line. Como parte da sua atividade, você irá mostrar como podemos investigar se uma notícia ou conteúdo (vídeo, imagem, mensagem viral) sobre um desses temas é verdadeiro ou contém desinformação.
Como funciona
Agora começa o desafio: selecione uma notícia ou conteúdo que tenha circulado nas redes no último mês e que pareça potencialmente falsa ou enganosa — retome as dicas que demos sobre esse tipo de identificação.
Seguindo a proposta, esse conteúdo deve estar relacionado a algum dos temas debatidos nestes itinerários de formação do Cidadão Digital. Faça o caminho da checagem, seguindo as dicas de passo a passo que exploramos no bloco ferramentas. Descreva esse caminho do início ao fim na forma de lista numerada: pode ser por meio de infográfico, cards (imagens), vídeo, thread (fio) do Twitter, texto do tipo blog post, ou outra forma que você preferir. O importante é que você consiga contar como fez a checagem, imaginando que está explicando seu passo a passo para os adolescentes que vão receber o material. Se possível, inclua prints que ajudem a entender o que você fez. A ideia é mostrar que a checagem é possível, embora você também possa relatar as dificuldades que porventura teve no processo.
Ao final, dê o seu veredito, classificando a notícia ou conteúdo em verdadeiro, impreciso, exagerado, distorcido, contraditório, insustentável ou falso, e explicando o porquê (use a lista de sete tipos de desinformação). Caso queira, você pode compartilhar o seu caminho da checagem nas suas redes, usando as hashtags #CidadãoDigital e #ChecagemDeFatos.
Para refletir
Assim que concluírem as atividades com os estudantes, convide-os a comentar sobre o processo. Acharam difícil? Teve alguma informação procuraram e não conseguiram encontrar? Por que acham que as pessoas ainda praticam pouco a checagem de conteúdos que elas postam ou compartilham nas redes? Que estratégias podemos adotar para tornar essa prática mais popular na escola / instituição?
Atividade 2: Teste do "Falso"
Objetivo
Dar início ao assunto desinformação (“fake news” econteúdos enganosos) de maneira divertida com o público jovem, por meio de uma proposta que envolve autoria, criatividade e investigação.
Recursos e materiais
Você pode implementar a proposta já no período de ensino remoto, utilizando um sistema de enquete on-line (como Enquetes ou Perguntas no Instagram ou no Facebook, o “StrawPoll” ou mesmo um Google Form) e uma sala de webconferência que estiver disponível em sua instituição e seja conhecida pelos estudantes (atualmente o Google Meet e o Zoom possuem a função enquete disponível), assim como adotá-la no modelo presencial: neste caso, bastará ativar a imaginação dos estudantes!
Contextualizando
Conforme a BNCC (BRASIL, 2018, p. 136), “a questão da confiabilidade da informação, da proliferação de fake news, da manipulação de fatos e opiniões tem destaque e muitas das habilidades se relacionam com a comparação e análise de notícias em diferentes fontes e mídias”. A alfabetização midiática é uma demanda urgente, não apenas entre crianças e jovens, como também na idade adulta para uma grande parcela da população, que não construiu aprendizagens específicas suficientes sobre a análise crítica de fontes e informações. Assim, o trabalho com jovens estudantes pode constituir uma “ponte” para a mobilização de critérios e parâmetros de avaliação dos conteúdos midiáticos nas famílias e nas comunidades escolares.
Como funciona
Convide os alunos para que, individualmente, criem sentenças a seu respeito, podendo ser verdadeiras ou falsas. Por exemplo:
João tem cinco cachorros e dois gatos. Eles passeiam juntos todos os dias.
Ana adora ler e é um tanto distraída. Certa vez, o último capítulo de um romance fez com que descesse do ônibus seis paradas depois da sua.
No formato remoto, será ótimo se cada estudante cadastrar sua sentença em um sistema de enquete on-line. Pode ser o presente em redes sociais ou em mecanismos independentes de fácil compartilhamento indicados acima.
Reunidos numa sala de webconferência (como Meet ou Zoom) com o serviço de chat habilitado, será o momento da votação. Cada aluno compartilhará a enquete com a sua sentença e a colocará em votação para a turma (as opções serão apenas “Verdadeiro” ou “Falso”).
Para refletir
Como cada enquete gera um percentual de respostas, ao fim da dinâmica você pode solicitar que socializem as sentenças todos aqueles que criaram textos pessoais inverídicos e obtiveram, por exemplo, mais de 60% de respostas “Verdadeiro”. Este é um mote para discutir as estratégias utilizadas para tornar críveis informações que eram falsas, abrindo oportunidade para o aprofundamento nos conceitos discutidos no módulo, incluindo meios de checagem e averiguação da qualidade editorial. Algumas questões podem ajudar. Para quem considerou verdadeiras sentenças falsas, pode-se questionar o que motivou tal palpite: a maneira como a frase estava construída? O conteúdo? Para aqueles que "acertaram", pode-se indagar: o que denunciou que a sentença não era verdadeira? Que pistas havia? Será que podemos usar esses mesmos parâmetros na análise dos conteúdos das redes sociais e de outras mídias?
Mais perguntas são interessantes:
- Como diferenciar opinião de fato?
- Como diferenciar opinião de fato?
- Que cuidados e medidas tomar quando confirmamos que uma notícia é falsa?
- Como podemos orientar amigos e familiares quando vemos que compartilharam uma notícia falsa?
Mais exemplos e recursos:
:: “Criar para aprender”: Planos de aula do Projeto Educamídia, do Instituto Palavra Aberta, que educadoras/es podem usar e estão alinhados com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
:: Sugestão de slides (em inglês) para atividade com estudantes criada pelo projeto Learning Corner, da União Europeia.
:: Plano de aula traduzido pela Aos Fatos que ensina estudantes do ensino médio a checar de forma gamificada. Confira também os quadrinhos:
:: Série de pequenos cursos da ONG Common Sense (em inglês), com ideias de atividades para tratar sobre notícias e alfabetização midiática com adolescentes.
:: Jogo da First Draft(em inglês) que te desafia a descobrir a veracidade de imagens que circulam na Internet. Melhor visto usando o computador.
6.10. Material complementar
- Glossário Essencial da Desinformação, elaborado pelo Projeto Credibilidade.
- Entendendo Inteligência Artificial e desinformação: quando o assunto é Inteligência Artificial, muitas dúvidas aparecem, recheadas com boa dose de ficção e mistério. Para facilitar uma discussão qualificada e acessível sobre o tema, vale conferir este material explicativo que pode inspirar bons trabalhos com os estudantes sobre desinformação e outros temas que discutimos aqui. O guia para iniciantes de A a Z é uma colaboração entre o Oxford Internet Institute, da Universidade de Oxford, e o Google, com o objetivo de abordar essa área complexa da ciência da computação por meio de explicações simples para qualquer pessoa entender os princípios básicos. Compreender minimamente o modo de funcionamento da inteligência artificial que já opera em muitos serviços que usamos no dia a dia é vital para o exercício da cidadania digital. Ela está nos filtros de buscas, nos portais de notícias, nas redes sociais e também nas deep fakes, como vimos antes.
- Estudo “Jornalismo, fake news & desinformação: manual para educação e treinamento em jornalismo” (Unesco, Cherilyn Ireton e Julie Posetti). A publicação da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), de 2019, traz uma série de orientações úteis para lidar com os desafios da desinformação com o público geral (ainda que voltada a jornalistas e futuros jornalistas). Pode ser muito interessante para debater com estudants que têm interesse na área de comunicação e jornalismo, bem como para projetos de educomunicação.
- Curso gratuito do projeto VazaFalsiane,criado por profissionais da ONG Repórter Brasil com o apoio do Facebook.
- 5 exemplos de caminhos de checagem de fatos (Projeto Comprova)
- Campanhas da Justiça Eleitoral (Lista de vídeos: Minuto da checagem)
- Projeto ChecaZap, da Énois e do data_labe, de checagem de fatos no Whatsapp. Traz lições mega importantes sobre o alcance da checagem e estratégias para levar esse tipo de conteúdo para o app de mensagens mais usado no Brasil. Dica: o videozinho do ChecaZap chamado “Como Não Cair em Uma Notícia Falsa?” é um sucesso total entre os alunos nas aulas do CD!
- Websérie “Jornalismo: conhecer para defender”, iniciativa do Instituto Palavra Aberta com apoio do Facebook:
- Bot do Ministério da Saúde no Whatsapp, útil para obter informações confiáveis sobre tudo o que diz respeito à Covid-19.
- Curso rápido do EducaMídia para você aprender e testar seus conhecimentos sobre busca e curadoria de informação na internet
- Série “Me explica, vai”, do EducaMídia e da TV Cultura, sobre o excesso de informação e como podemos filtrá-la. Veja o Me Explica, Vai! Infodemia e o Me Explica, Vai! Dieta Informacional
- Quer refletir mais sobre fontes e em quem confiar? Cola nesse episódio da série MídiaMundo. Você também pode gostar do material preparado pela Unesco: Desinfodemia - Decifrar a informação sobre a Covid-19.